Brasil foi o país com mais casos de fraude em jogos de azar online em 2022

Uma empresa especialista em dados esportivos afirma que um aumento repentino nas apostas em um jogo é um sinal de possível fraude. A maior parte disso acontece em jogos da terceira divisão.

Operação do MP investiga fraude em resultado de jogos do Campeonato Brasileiro, em Goiás

O Brasil se tornou um dos países do mundo com mais suspeitos de fraudes envolvendo resultados esportivos, segundo a Sportradar, empresa estrangeira que monitora o potencial de fraude em 400 casas de apostas ao redor do mundo.

A empresa, que coleta dados esportivos para que os apostadores tenham informações para tomar decisões, também afirmou que as partidas apresentaram indícios de fraude nas apostas. A classificação da empresa de possíveis casos de fraude no ano passado foi a seguinte:

• Brasil: 152
• Rússia: 92
• República Checa: 56
• Cazaquistão: 43
• China: 41
• Grécia: 40
• Argentina: 39

Esses números abrangem todos os esportes, não apenas o futebol.

A empresa afirma que o seu sistema contém dados de mais de 400 casas de apostas em todo o mundo. Quando ocorrem valores de apostas altos em relação à média, entende-se que existe um potencial problema que precisa ser investigado. O Sportradar também será alertado quando uma casa de apostas detectar uma quantia incomum de dinheiro.

O diretor de operações da Sportradar, Tom Mace, disse que a empresa analisa a dinâmica das apostas para detectar possíveis alertas de manipulação. “Uma mudança drástica nas probabilidades (de resultados) e um aumento no volume de apostas é uma bandeira vermelha”, ou seja, um sinal de que os apostadores conseguiram fraudar o jogo.

Ele disse que esses picos de apostas muitas vezes só existem porque alguns apostadores sabem antecipadamente o resultado de um determinado jogo. “A mesma lógica se aplica às apostas no número de cartões amarelos e de cantos, e nos últimos anos temos visto um aumento de jogos suspeitos envolvendo este tipo de manipulação”, disse Mays.

Sua empresa já presta serviços para a própria CBF e diversas entidades nacionais do futebol no Brasil. O problema é que a maioria das fraudes nas apostas não ocorre nos principais torneios de um país. “No futebol global, 52% dos jogos suspeitos aconteceram na terceira divisão ou ainda mais baixa, inclusive os torneios regionais e juvenis”, afirma Mace.

Ele disse que há outro fator que contribui para a fraude nesses jogos. Os salários já são muito mais baixos do que nos grandes eventos, e muitas vezes há até salários não pagos. Desde fevereiro, o poder público do estado de Goiás investiga uma organização que se dedica a fraudar resultados de jogos da Série B do Campeonato Brasileiro.

O que fazer?

Tom Mays afirma que a melhor política para reduzir o risco de fraude nas negociações em eventos desportivos é tomar uma série de medidas ao mesmo tempo. Uma delas é aumentar as penas para as pessoas que forem flagradas, se possível, na justiça esportiva, mas também na justiça comum. Ele também disse que era necessário ter uma estrutura de investigação contra esse tipo de fraude que permitiria às pessoas identificar possíveis sinais de uma combinação de resultados.

Casos de fraude em outros países

Há uma longa história de fraude e manipulação de resultados em torneios. Recentemente, porém, alguns desses casos repercutiram, como a suspensão de times inteiros ou o banimento de juízes corrompidos pela máfia das apostas.

Aqui estão alguns casos a serem considerados:

Em 2004, o árbitro alemão Robert Hoyzer marcou dois pênaltis inexistentes durante um jogo entre Hamburgo e Paderborn. Poucos meses depois, em janeiro de 2005, outros quatro árbitros repreenderam Hoyzer por pedir aos colegas que interferissem no resultado de uma partida. No processo, ele confessou ter servido a gangsters croatas.

Na temporada 2014-2015, a equipe romena Gloria Buzau, da Segunda Divisão Romena, entregou diversos jogos para os apostadores terem muitas vitórias. Três treinadores e 14 jogadores foram suspensos por mais de dois anos.

Na partida de qualificação para a Copa do Mundo de 2016 entre África do Sul e Senegal, o árbitro concedeu à seleção sul-africana um pênalti inexistente. O árbitro foi posteriormente condenado por tentar consertar o resultado e foi expulso do esporte. As duas equipes jogaram novamente.

Em 2018, o Skenderbeu, um dos principais times da Albânia, e todos os seus jogadores foram expulsos da competição por dez anos por entregarem uma partida.

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